quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Congresso de Pesquisadores Negros da Região Sul



 Bolsista do NEABI IFRS-POA participa do COPENE Sul em Pelotas no IFSUL
Por Cristiane Gomes da Silva 

A cultura negra e sua inserção em disciplinas que fazem parte do currículo escolar no Brasil, além de relações étnico-raciais, políticas públicas para negros, dilemas contemporâneos, entre outras temáticas, foram discutidos do dia 24 a 27 de julho na primeira edição do Congresso de Pesquisadores Negros da Zona Sul (Copene Sul). O evento, organizado pela presidente da Associação dos Pesquisadores Negros da Região Sul e professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Georgina Helena Nunes, foi realizado no Instituto Federal Sul-rio-grandense.
Desde 2000, a cada dois anos ocorre o congresso nacional para pesquisadores negros. Na última edição, realizada em Florianópolis, Santa Catarina, foi definido que, a partir de 2013, também seriam implementados encontros regionais no país. Em Pelotas, a organização optou por expandir um pouco mais e promover um intercâmbio também com estudiosos de Uruguai, Argentina e Paraguai, que estarão representados pela coordenadora da unidade dos direitos dos afrodescendentes de Montevidéu, Beatriz Santos; o coordenador da catedral livre de estudos afro-americanos do Instituto de Culturas Aborígenes de Córdoba, na Argentina e a professora da Universidade Nacional de Assunção, no Paraguai, Terezinha Juraci da Silva.
O 1º Copene Sul teve mais de 700 inscritos, 15 universidades apoiadoras e uma programação cultural inserida entre as mesas de debates e painéis. Em sua abertura o congresso contou com um cortejo com tambor de sopapo, na quinta-feira ocorreram oficinas de capoeira e de rap e na sexta estão programadas oficinas de construção em argila, xerequê coletivo, além de roda de samba, afoxé, rap, tranças, desenhos e outros que não pude conferir.
O objetivo do evento era e foi aproximar a academia da comunidade negra, por isso foram convidadas a participar as comunidades quilombolas da região, assim como acadêmicos e interessados pela cultura afro.
O pronunciamento da Professora Doutora Petronilha Beatriz Gonçalves Silva (UFSCAR) na abertura do congresso foi um dos momentos mais marcantes do evento. Petronilha – que foi a primeira negra a ocupar uma vaga no Conselho Nacional de Educação -  abordou o tema ‘Historicidade da lei 10.639/03 e o papel do/a intelectual negro/a na educação’.  

“A Lei 10. 639 para todos os brasileiros não traz simplesmente conteúdos pra gente introduzir na sala de aula, ela descoloniza a história do Brasil e dos afro-brasileiros. A lei exige que se estabeleça dentro da escola um diálogo entre culturas, das diferentes visões de mundo que estão presentes na sociedade brasileira, valorizando igualmente a todos”, afirmou Petronilha, relatora do parecer que regulamentou a lei 10.639  e estabelece diretrizes para o ensino de História e Cultura Africana e Afro-Brasileira no currículo da Rede de Ensino do Brasil. 

Confira o Resumo do Trabalho apresentado pela aluna:



A IMPORTÂNCIA DO RESGATE DA MEMÓRIA DE UM CLUBE SOCIAL NEGRO PARA A EDUCAÇÃO

   Cristiane Gomes da Silva

Neste cenário de 125 anos do evento histórico do pós-abolição, dos 10 anos da Lei  10.639/03 e dos 7 anos do Movimento Clubista, e de afirmação da  luta pela preservação da cultura afro-brasileira, cidadania da comunidade negra e a salvaguarda dos clubes sociais negros, é que o presente trabalho desenvolve uma reflexão sobre o levantamento  da história  e resgate da identidade da Associação Cultural e Beneficente Seis de Maio, clube social negro do município de Gravataí. Com esse trabalho de pesquisa e de divulgação da história realizada por membros do clube social, escolas da rede municipal de ensino e de Universidades, foram solicitadas parcerias para orientar atividades que abordam a cultura afro-brasileira, principalmente para atender as DCN para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana.  Neste sentido,  o estudo se propõe a analisar como se dá a relação do Clube com estas instituições de ensino colaborando para a efetiva aplicação das leis antirracistas no município.  O principal objetivo é demonstrar como o resgate da identidade de um espaço possibilitou que escolas e instituições de ensino passassem a perceber a importância de um clube social negro como lugar de resistência e reduto de saberes negros.

Palavras-chaves:   clubes sociais negros, educação, história, cultura afro-brasileira, resgate da  identidade


Cristiane Gomes da Silva, Acadêmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia – Parfor 5º Sem., Bolsista na modalidade PIBEX – IFRS POA no Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas.

Cristiane Gomes da Silva, Membro da Diretoria da Associação Cultural e Beneficente Seis de Maio – Clube Social Negro do município de Gravataí, exerce a função de Diretora Social Gestão:  2008/2009 – 2010/2011 – 2012/2014